Disfunção erétil: quando é realmente um problema?
A disfunção erétil (DE) é uma das queixas mais frequentes nos consultórios urológicos. Embora seja mais comum com o avanço da idade, cada vez mais jovens — alguns com menos de 20 anos — têm procurado ajuda médica relatando dificuldades em manter uma ereção satisfatória.
Essa procura precoce reflete, em muitos casos, não uma doença orgânica, mas sim uma distorção das expectativas em relação ao desempenho sexual. A mídia, as redes sociais e a indústria pornográfica têm imposto padrões irreais e não saudáveis, gerando ansiedade e insegurança em muitos homens.
O que é disfunção erétil?
De acordo com as diretrizes europeias (EAU 2025), a disfunção erétil é definida como a incapacidade persistente em obter ou manter uma ereção suficiente para permitir uma relação sexual satisfatória.
É importante ressaltar que eventuais falhas de ereção são absolutamente normais e não significam, por si só, a presença de uma doença.
O que acontece no corpo para gerar uma ereção?
A ereção é um fenômeno complexo, que depende da integração de diversos sistemas do organismo:
- Sistema nervoso: transmite os estímulos entre cérebro, medula e pênis.
- Sistema vascular: promove o aumento do fluxo sanguíneo para os corpos cavernosos.
- Sistema endócrino: hormônios como a testosterona regulam o desejo e a função erétil.
- Anatomia peniana: estruturas adequadas são fundamentais para sustentar a ereção.
- Aspectos psicológicos e emocionais: ansiedade, estresse, depressão e cobranças externas podem prejudicar a resposta erétil.
Isso significa que a ereção não depende apenas de “um remédio” ou de uma única causa, mas de um equilíbrio entre corpo e mente.
Disfunção erétil em jovens: nem sempre é doença
Nos pacientes mais jovens, os fatores mais comuns relacionados às queixas de disfunção erétil são:
- Ansiedade de desempenho: preocupação excessiva em “dar conta”.
- Estresse externo: cobrança no trabalho, estudos, vida social.
- Fadiga e privação de sono.
- Comparação com padrões irreais (pornografia, redes sociais).
Nesses casos, a busca imediata por medicamentos pode não resolver o problema, já que a causa não é orgânica, mas sim emocional ou comportamental.
Quando procurar tratamento?
É importante diferenciar situações pontuais de um quadro persistente.
De acordo com o guideline europeu, a investigação deve ser feita quando:
- A dificuldade ocorre de forma recorrente (na maioria das tentativas).
- Há impacto significativo na qualidade de vida ou nos relacionamentos.
- Existem fatores de risco associados (diabetes, hipertensão, obesidade, tabagismo).
O papel do urologista
O urologista é o profissional mais adequado para avaliar a disfunção erétil, identificar suas causas e propor o tratamento correto.
A avaliação pode incluir:
- História clínica e sexual detalhada.
- Exames laboratoriais (hormônios, glicemia, perfil lipídico).
- Avaliação vascular peniana em casos selecionados.
Além disso, quando a origem é predominantemente psicológica, o urologista pode encaminhar para acompanhamento conjunto com psicólogo ou terapeuta sexual.
Considerações finais
- Nem toda dificuldade erétil é uma doença.
- Falhas ocasionais são normais e fazem parte da vida sexual saudável.
- Diversos sistemas do corpo atuam juntos para permitir a ereção; por isso, as causas podem ser múltiplas.
- Em jovens, a ansiedade e o estresse são fatores muito mais comuns do que doenças orgânicas.
- A avaliação e o acompanhamento com o urologista são fundamentais para diferenciar cada situação e propor o tratamento adequado.
Se você apresenta dúvidas ou queixas sobre sua função erétil, procure um urologista de confiança. Evite a automedicação e a busca por soluções rápidas sem uma avaliação correta.
EUROPEAN ASSOCIATION OF UROLOGY. EAU Guidelines on Sexual and Reproductive Health. 2025. Limited Update March 2025. Arnhem, The Netherlands: EAU Guidelines Office, 2025.

