“Andropausa” e Reposição de Testosterona: quando tratar e com quem?

“Andropausa” e Reposição de Testosterona: quando tratar e com quem?

Uma dúvida muito frequente no consultório urológico é sobre o hipogonadismo masculino, popularmente chamado de “andropausa” ou DAEM (Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino).
Essa condição costuma gerar bastante ansiedade, especialmente diante da ampla divulgação da terapia de reposição de testosterona na mídia e em clínicas não especializadas.

É fundamental esclarecer que nem todo homem com queda de testosterona precisa de tratamento — e que o diagnóstico correto deve ser sempre realizado pelo urologista.

 

O que é o hipogonadismo masculino?

O hipogonadismo é uma síndrome clínica caracterizada pela redução na produção de testosterona associada a sinais e sintomas específicos.
Segundo o guideline europeu da EAU 2025, ele pode se manifestar de duas formas principais:

  • Clássico/Orgânico: causado por alterações nos testículos ou no eixo hormonal (hipotálamo-hipófise).
  • Funcional: associado a doenças crônicas, obesidade, diabetes tipo 2 ou envelhecimento.

No caso do DAEM, o mais comum é a forma funcional, que aparece gradualmente com a idade.

 

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico não deve ser baseado apenas no exame de sangue.
De acordo com as diretrizes internacionais, o diagnóstico de hipogonadismo exige:

  • Sintomas característicos (redução da libido, disfunção erétil, fadiga, perda de massa muscular, alterações de humor).
  • Confirmação laboratorial, com dosagem de testosterona total pela manhã, em jejum, repetida em pelo menos duas ocasiões.

Isso significa que um exame isolado, mostrando testosterona baixa, não é suficiente para iniciar tratamento.

 

Quando a reposição de testosterona é indicada?

A terapia de reposição de testosterona é indicada apenas em homens com sintomas compatíveis associados a níveis comprovadamente baixos de testosterona.
O tratamento pode melhorar:

  • Função sexual e desejo
  • Massa muscular e força
  • Densidade óssea
  • Energia e disposição

No entanto, nem todo homem com queixas inespecíficas ou apenas com níveis limítrofes de testosterona deve receber reposição.

 

Riscos e complicações da reposição inadequada

O uso indiscriminado ou sem acompanhamento da testosterona pode trazer sérios riscos à saúde:

  • Agravamento de problemas cardiovasculares em pacientes de risco.
  • Policitemia (aumento excessivo das hemácias), que pode levar a trombose.
  • Supressão da fertilidade, já que a reposição pode bloquear a produção natural de espermatozoides.
  • Atraso no diagnóstico de câncer de próstata, quando não há acompanhamento adequado.

Por isso, a reposição de testosterona deve ser prescrita e monitorada por urologista, o profissional capacitado para avaliar riscos, indicar o tratamento quando necessário e realizar o acompanhamento seguro.

 

Importância do seguimento médico

O acompanhamento regular com o urologista inclui:

  • Exames periódicos de sangue (testosterona, hemograma, função hepática e perfil lipídico).
  • Avaliação prostática (toque retal e PSA, conforme idade e risco).
  • Ajustes na dose ou suspensão do tratamento, se houver complicações.

Só com esse seguimento é possível garantir que os benefícios da reposição de testosterona superem os riscos.

 

Considerações finais

  • O hipogonadismo masculino (DAEM) é uma condição real, mas deve ser diagnosticada corretamente.
  • A reposição de testosterona não é indicada para todos os homens e pode trazer riscos quando mal prescrita.
  • O urologista é o profissional adequado para avaliar, indicar e acompanhar esse tratamento.
  • Automedicação ou uso sem supervisão médica pode trazer complicações sérias.

 

EAU Guidelines on Sexual and Reproductive Health. Limited Update March 2025. Arnhem, The Netherlands: EAU Guidelines Office, 2025.

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