Ejaculação precoce: mito, realidade e quando procurar ajuda
Entre as queixas sexuais mais comuns no consultório urológico está a ejaculação precoce (EP).
Esse tema, no entanto, é cercado de mitos, falsas expectativas e informações distorcidas que circulam na mídia e nas redes sociais. Muitos homens acreditam que exista um “tempo mínimo” de duração da relação sexual até a ejaculação — mas isso não é verdade.
Na prática clínica, a ejaculação precoce é definida de forma mais complexa e leva em consideração a satisfação sexual e a qualidade de vida do paciente e do casal, e não apenas o tempo cronometrado do ato sexual.
O que é ejaculação precoce?
Segundo o Guideline Europeu de Saúde Sexual (EAU 2025), a ejaculação precoce é caracterizada por:
- Ejaculação que ocorre sempre ou quase sempre antes ou logo após a penetração.
- Incapacidade de retardar a ejaculação em praticamente todas as tentativas.
- Impacto negativo na qualidade de vida, com sofrimento emocional, frustração e prejuízo nos relacionamentos.
Ou seja, não é um episódio pontual que define a doença, mas sim uma condição persistente que compromete a vida sexual.
O tempo realmente importa?
Não existe um tempo universalmente definido como “normal” para a ejaculação.
Cada homem tem um padrão individual, e o que realmente importa é se há prejuízo na satisfação.
Exemplo:
- Um paciente pode perceber que antes conseguia manter a relação por um período satisfatório, mas passou a ejacular de forma muito rápida, comprometendo sua experiência sexual.
- Outro pode ter ejaculação considerada “rápida” por padrões externos, mas sem incômodo ou prejuízo pessoal — nesse caso, não se trata de doença.
Portanto, o diagnóstico depende do impacto percebido pelo próprio paciente e não de números fixos.
Mitos x Realidade
- Mito: “Homem saudável deve durar vários minutos.”
- Realidade: A duração varia muito, e não existe tempo mínimo obrigatório.
- Mito: “Um episódio isolado de ejaculação rápida significa doença.”
- Realidade: Apenas quando é persistente e afeta a qualidade de vida pode ser considerado ejaculação precoce.
- Mito: “Só existe tratamento com remédio.”
- Realidade: O tratamento pode envolver medicações, terapia psicológica e orientações comportamentais.
Tratamento e acompanhamento
O tratamento deve ser individualizado e pode incluir:
- Abordagem psicológica/psiquiátrica, quando a ansiedade e a tensão emocional são os principais fatores.
- Medicações específicas, quando indicadas pelo urologista.
- Orientações comportamentais, técnicas de controle e educação sexual.
Em muitos casos, o seguimento conjunto entre urologia e psicólogo e/ou psiquiatra é fundamental para melhores resultados.
Importância da avaliação com o urologista
O urologista é o profissional mais adequado para avaliar cada caso, diferenciar situações normais de doença e indicar o tratamento correto.
Somente uma consulta médica completa, com história clínica, avaliação do impacto nos relacionamentos e, se necessário, exames complementares, pode determinar se há necessidade de tratamento específico.
Considerações finais
- Não existe tempo mínimo universal para a ejaculação.
- A ejaculação precoce só é considerada doença quando é persistente e prejudica a qualidade de vida.
- Muitos mitos alimentam ansiedade desnecessária nos pacientes.
- O tratamento pode envolver tanto o urologista quanto psicólogo/psiquiatra, dependendo do caso.
- O diagnóstico correto só pode ser feito após avaliação individualizada com urologista.
Se você tem dúvidas sobre sua função sexual ou sente que a ejaculação tem atrapalhado sua qualidade de vida, procure um urologista de confiança.
EAU Guidelines on Sexual and Reproductive Health. Limited Update March 2025. Arnhem, The Netherlands: EAU Guidelines Office, 2025.

