HPV: vacinação, verrugas genitais e formas de prevenção
O papilomavírus humano (HPV) é um dos vírus sexualmente transmissíveis mais comuns no mundo.
No consultório urológico, gera dúvidas frequentes relacionadas à vacinação, prevenção e tratamento das lesões penianas, incluindo verrugas genitais (condilomas) e o câncer de pênis.
Apesar dos avanços na prevenção, como a vacinação, ainda existem mitos e informações equivocadas que precisam ser esclarecidas.
Vacinação contra o HPV no Brasil
O Ministério da Saúde disponibiliza a vacinação gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para:
- Meninos e meninas de 9 a 14 anos.
- Pessoas imunossuprimidas (incluindo HIV) até 45 anos.
Na rede pública, a vacina utilizada é a quadrivalente, que protege contra os sorotipos 6, 11, 16 e 18:
- 6 e 11 → responsáveis pela maioria dos casos de verrugas genitais (condilomas).
- 16 e 18 → relacionados a maior risco de câncer de colo uterino, ânus, pênis e orofaringe.
Na rede privada, também está disponível a vacina nonavalente, que amplia a proteção para 9 sorotipos, incluindo os principais relacionados às neoplasias e verrugas.
É importante destacar que a vacinação não elimina o risco de desenvolver verrugas genitais ou lesões cutâneas em quem já foi exposto ao vírus, mas reduz significativamente a chance de novas infecções e complicações graves, como o câncer.
Lesões penianas causadas pelo HPV
As principais manifestações clínicas do HPV no pênis incluem:
- Verrugas genitais, também chamadas de condilomas acuminados — lesões elevadas, únicas ou múltiplas, que podem variar de tamanho e forma.
- Lesões pré-malignas e malignas, como o câncer de pênis, associado principalmente aos sorotipos de alto risco (16 e 18).
Estar vacinado não significa estar imune a todas as formas de verrugas ou condilomas, mas reduz os riscos.
Modalidades terapêuticas
O tratamento das verrugas genitais visa remover as lesões visíveis e reduzir a carga viral local, mas não garante a eliminação completa do HPV, que pode permanecer no organismo em estado latente (“adormecido”).
Entre as modalidades disponíveis:
- Cremes tópicos (ex.: imiquimode, podofilina) em casos selecionados.
- Crioterapia (congelamento com nitrogênio líquido).
- Eletrocauterização/ Excisão cirúrgica – destrói a lesão por energia elétrica e permite no mesmo momento cirúrgico, sempre que necessário, a coleta de material para biópsia para estudo histopatológico.
Mesmo após o tratamento, recorrências são comuns, já que o vírus pode permanecer de forma assintomática por anos ou até décadas.
Formas de contágio e prevenção
- O HPV é transmitido principalmente por contato direto com a pele ou mucosa infectada durante atividade sexual.
- O uso de preservativos reduz o risco, mas não elimina totalmente, já que áreas não cobertas pela camisinha podem entrar em contato com a lesão.
- O vírus pode permanecer assintomático por longos períodos, tornando difícil identificar a origem da infecção.
Considerações finais
- O HPV é altamente prevalente, podendo causar desde lesões benignas (verrugas/condilomas) até cânceres.
- A vacinação é a principal forma de prevenção, disponível no SUS (quadrivalente) e na rede privada (nonavalente).
- Mesmo vacinados, pacientes podem apresentar verrugas, que devem ser tratadas com métodos ablativos como a eletrocauterização.
- O vírus pode permanecer no organismo de forma silenciosa e causar recorrências ao longo da vida.
- O urologista é o profissional adequado para avaliação, tratamento das lesões e acompanhamento de longo prazo.
Se você notou lesões no pênis, como verrugas ou alterações de pele, procure atendimento urológico. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para reduzir complicações e riscos futuros.
Fontes:
- EAU Guidelines on Urological Infections. Arnhem: EAU Guidelines Office, 2025.
- Urinary Tract Infections in Adults. N. Engl. J. Med., Boston, v. 387, n. 7, p. 562-574, 2022. DOI: https://doi.org/10.1056/NEJMcp2108502.

